Este Blog insere-se na disciplina de Área de Projecto, e tem como objectivo divulgar as actividades desenvolvidas ao longo do ano lectivo. Somos alunos da Escola Secundária de Seia e pretendemos alertar a população para a necessidade de as cidades se tornarem mais amigas do ambiente.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Entrevista ao Presidente da Câmara Municipal de Seia

Introdução

Com o objectivo de conhecer as opiniões da autarquia acerca dos resultados obtidos nas questões elaboradas pelo grupo e que foram parte constituinte do inquérito da turma, mas também conhecer a opinião dessa entidade acerca da temática “cidades sustentáveis” e sobre as mais recentes infra-estruturas planeadas para o concelho de Seia, decidimos entrevistar o Presidente da Câmara Municipal de Seia, o Sr. Eduardo Brito. Aqui fica uma pequena síntese da entrevista, onde estão referenciados os aspectos mais importantes.


Entrevista

Cidades Energeticamente Sustentáveis: "Recentemente foi tornado público o Plano Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico que prevê a construção de uma barragem no concelho de Seia, próximo da localidade de Girabolhos. Como está a situação?
Eduardo Brito:
Está na fase de avaliação ambiental, todo o projecto já foi muito estudado, e é crível que dentro de um ano e meio ou dois anos a obra comece a ser efectivamente construída. Neste momento está-se também a proceder à elaboração do cadastro dos proprietários, aos estudos de impacte ambiental, à definição do projecto do paredão e aos estudos geológicos.
Depois, para além da valorização do ponto de vista energético e do aproveitamento dos recursos, abrir-se-á seguramente um outro capítulo, que é o aproveitamento da barragem para actividades piscatórias, para turismo, para lazer, para desportos náuticos…enfim, há um sem número de potencialidades.

CES: Na zona da Serra da Estrela a água é efectivamente um bem muito abundante e precioso. No rio Alva, por exemplo, tem conhecimento se a EDP está a pensar aumentar a potência em alguma dessas pequenas centrais, de modo a satisfazer as necessidades de algumas populações?
EB: Creio que não. É preciso ter em conta que a EDP já faz, desde há poucos anos, o aproveitamento da água da Lagoa Comprida logo à saída da mesma. A EDP tem uma central mesmo no paredão da Lagoa, assim que a água sai, logo uns 20 ou 30 metros depois. Não é de crer que esta linha de água venha a ser ainda mais aproveitada, uma vez que existe uma central no Sabugueiro, outra na Senhora do Desterro e outra em Vila Cova.
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CES: Nós queríamos aproveitar para perguntar se é a favor da construção destes grandes aproveitamentos hídricos. Se pudesse dar prioridade aos grandes ou aos pequenos investimentos quais deles seriam mais importantes?
EB: Eu acho que uma coisa não tira a vez à outra, porque as grandes obras só duas ou três empresas em Portugal as podem fazer, e mesmo na Europa não serão muitas mais. Agora, deve haver um conjunto de pequenos aproveitamentos não só no vento e na água mas também a nível solar e do aproveitamento dos solos, áreas em que temos apostado pouco. Mas estes investimentos devem ser feitos não só por particulares – deve haver uma política específica.

CES: Uma das iniciativas realizadas pela nossa turma ao longo deste ano lectivo foi a distribuição de um inquérito à população. Uma das questões elaboradas pelo nosso grupo está directamente relacionada com transportes e facilidade de circulação no nosso concelho, pelo que gostaríamos de conhecer a sua opinião sobre os resultados.
Comecemos pelos transportes colectivos: das pessoas que responderam a este inquérito cerca de ¾ consideram que os transportes colectivos têm horários desadequados para que possam servir devidamente a população. Como comenta estes resultados?

EB: Estou de acordo, é um problema complicado porque uma grande parte dos nossos transportes públicos assenta nos transportes escolares. O que é que acontece é que durante o ano lectivo as coisas ainda vão funcionando, os alunos têm que cumprir os horários, as escolas têm que abrir a uma certa hora, os transportes mantêm alguma disciplina horária. Depois disso, é complicado. Para resolver este problema, a câmara vai implementar a partir do próximo mês de Julho um sistema de transportes colectivos, no perímetro urbano da cidade, através de dois autocarros pequenos de 17 lugares. Um dos autocarros fará o circuito urbano, e o outro fará um circuito mais alargado que vai até Vila Chã, Santa Comba, por ali assim - é um semi-urbano.

CES: Outra das condições retiradas do nosso inquérito é relativa à rede viária. Mas este é outro ponto em que os inquiridos dão opinião negativa, sendo 70% os inquiridos que referem que a rede viária do concelho de Seia não se encontra em bom estado. Como é que comenta estas opiniões?
EB:
Alguns têm razão e outros não. Nós temos uma rede viária de 350 quilómetros de estradas municipais. Mesmo assim, os principais eixos de redes viárias que nos ligam a outros concelhos, chamados eixos de penetração, estão em vias de ser concluídos. Mas é necessário não esquecer que estamos num mau momento, porque o gás natural chegou a Seia, e algumas estradas, como é o caso do eixo Catraia de S. Romão – Seia, foram intervencionadas por causa disso, não ficando nas melhores condições. O que não se pode pedir é que se ponha o gás num dia e logo no dia seguinte se coloque o alcatrão, não é possível. E quanto a essas de Loriga, de Vide, do Gondufo, nós temos estradas lindíssimas, mas são estradas onde passam à volta de 40 pessoas por dia…nós temos também que olhar para a relação custo/benefício, não se pode gastar muito para depois não obter resultados concretos. Por exemplo, no caso da estrada entre Vasco Esteves de Baixo e o Aguincho, que é uma estrada lindíssima para passear, se lá forem e voltarem, a probabilidade de encontrarem um carro em sentido contrário é muito baixa…

CES: Podemos então fazer mais uma pergunta relativamente a esse assunto: estão a decorrer as obras da variante e constatámos que algumas pessoas têm vindo a alertar para uma grande diminuição do tráfego na passagem do centro de Seia, o que é bom, mas que pode criar prejuízos ao nível dos comerciantes, devido ao turismo que também será desviado…
EB:
As cidades são para as pessoas. Hoje, cada vez mais, são para as pessoas se sentirem comodamente, para circularem com segurança no centro, e não para os carros. Ter todo o trânsito, autocarros incluídos, a passar no centro, é um erro estratégico que desqualifica a cidade e que a torna menos atractiva. Para além disso, o exemplo mais ilustrativo, na nossa terra, de que não são os acessos que determinam o sucesso de um negócio é o Museu do Pão, que tem um sucesso tremendo e que tem um acesso que como todos sabemos é mau…
Nós deixaremos um projecto à futura câmara, que fica em mãos, que se trata da requalificação do mercado municipal, de modo a que este continue a ser mercado, embora numa dimensão mais pequena, mas que tenha lá dentro um conjunto de estabelecimentos comerciais. Porquê este investimento? Primeiro, para requalificar o espaço, mas também para atrair gente para o centro da cidade. E a rede viária que nós estamos a desenhar é uma rede viária praticamente agarrada à cidade, fica quanto muito a quinhentos ou seiscentos metros. Por outro lado, a cidade hoje, cidade de Seia, para subsistir neste mundo competitivo (porque as cidades também são como as empresas, competem umas com as outras) tem que agregar a si São Romão, Santiago, Santa Marinha e São Martinho: toda esta mancha tem que ser reestruturada.

CES: Colocada no perímetro urbano?…
EB:
Isto é a cidade de Seia: cada um continua com a sua terra e com a denominação da mesma, mas a gestão deste território, do ponto de vista dos equipamentos, deve ser feita em conjunto com Seia – e o primeiro passo que nós vamos dar com os transportes é esse primeiro sinal, porque o transporte é feito já nesta malha urbana – a cidade é isto.

CES: Também se fala em novos empreendimentos previstos…
EB:
Sim, já há o Golf e o Retail Park. Mas para tudo o resto, em termos de habitação, a câmara tem em preparação um plano que vai para discussão pública e que visa o planeamento dessa zona [Quinta da Bica/aeródromo] com normas muito restritivas, isto é, para que não comece ali a construir cada um como quer.

CES: Exactamente. Continuando no tema das acessibilidades, mas agora nas ligações inter-regionais, os chamados IC’s. A Câmara Municipal, defendeu, segundo o que nós apurámos, o cenário C… Acha que esta é a melhor opção? Afinal de contas, existe como que um mito à volta dos túneis…
EB:
Sim. O ponto fundamental é que as estradas servem para promover o desenvolvimento. A estrada à volta da montanha desenvolverá a zona de Alvoco, Loriga, Teixeira e Unhais da Serra, zona essa que está a passar por problemas de desertificação muito grandes e que poderá ter na estrada algum alento. Esse é um aspecto, mas também porque já existe a A 23 daquele lado, é importante uma ligação a esse eixo – os túneis favoreceriam apenas a drenagem do tráfego da Covilhã para o mar.

CES: Mas não lhe parece que esse cenário vai passar demasiado longe de Seia? O IC 7 irá passar entre Sameice e Carragosela, o que pode fazer com que a ligação para Viseu seja prejudicada…
EB:
Nós vamos ter sempre uma linha directa para Viseu. A ligação que se irá fazer nesse local entre o IC 6 e o IC 7 não impede a construção de uma outra estrada mais directa: aqui perto da Vila Chã vai sair uma a ligar ao IC 7 que até um certo sitio será municipal, portanto, teremos de ser nós a lançar a variante…essa estrada segue depois para Viseu [através do IC 7].

CES: O alto da Torre é por vezes palco de grandes congestionamentos devido ao elevado número de turistas que para aí se deslocam. Quanto a isso existia uma proposta para cortar o acesso ao tráfego de veículos, acesso esse que seria feito, do concelho de Seia, através de teleféricos instalados na Lagoa Comprida e em Alvoco da Serra. Esta proposta foi totalmente posta de lado entretanto, ou ainda poderá ser realidade no futuro?
EB:
É perfeitamente razoável que se comece a analisar a hipótese de se ter um acesso menos massificado. De qualquer forma, isto leva tempo e, sobretudo, devem-se tentar primeiro mobilizar as populações para essa causa. Ganhá-las. Um dos aspectos, é aqui que entra essa questão, poderá ser o acesso por Alvoco da Serra através de meios mecânicos (teleféricos), que libertava uma carga deste lado do concelho e valorizava aquele. Mas com tempo e com calma encontraremos uma nova solução que leve à preservação daqueles espaços, sem proibir as pessoas de ir lá, com certeza.

CES: Qual o futuro que espera para Seia?
EB: Eu acredito que será bom: nós estamos num território central, entre a Covilhã e Viseu e entre a Guarda e Coimbra. Temos bons serviços públicos, um bom hospital, um bom sistema de ensino desde o primário até ao universitário, falta-nos pouco, mais iniciativa apenas. Eu acho que os nossos jovens têm que ter mais capacidade, mais ambição, mais capacidade de correr riscos. (...) E eu acredito piamente na nossa capacidade de nos impormos nesta área com esta vertente: turismo, parte ambiental e uma indústria e um comércio muito diversificado."

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Estudo Empírico: Conclusões (parte III)

Depois de efectuada a análise de todas as questões colocadas aos inquiridos pelo nosso grupo, é possível retirar algumas conclusões:

- A população residente no concelho de Seia não se encontra devidamente informada sobre este tema, uma vez que uma boa parte da mesma erra questões de dificuldade baixa; ainda referente a este ponto, são as mulheres que possuem um maior nível de conhecimentos sobre este tema;

- No que diz respeito a idades, ao contrário do expectável, não são os mais jovens os que possuem um melhor nível de conhecimentos, mas as pessoas entre os 20 e os 40 anos de idade;

- A maioria dos inquiridos acha que o investimento em Portugal nesta área não é suficiente para tornar o país energeticamente sustentável e independente;

- Os idosos são de entre a população os menos informados sobre este tema;

- A esmagadora maioria da população rejeita o investimento na energia nuclear em Portugal, considerando que esta provoca riscos muito elevados de variada ordem;

- Os transportes colectivos não são, na opinião da maioria dos inquiridos, eficientes nem servem como alternativa à utilização do automóvel; para isso contribuem “os horários desadequados”... aliados a uma rede viária que, analisando globalmente a opinião dos inquiridos, recebe uma nota “medíocre”.


Com estas conclusões conseguimos, no derradeiro período lectivo, chegar à fala com o presidente da Câmara Municipal de Seia, de modo a confrontá-lo com as ideias retiradas deste estudo, mas também para falar de novos investimentos e fontes energéticas. Esperamos brevemente publicar neste espaço as mais importantes passagens dessa entrevista.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Estudo Empírico: Resultados (parte II)

Questão 36


A questão 36 considera-se a mais importante de entre as por nós elaboradas para o inquérito da turma, já que trata de problemáticas que visam o interesse dos residentes no conselho. Esta questão é composta por quatro alíneas (afirmações), todas elas de resposta fechada em formato de escala (desde “Concordo Muito” até “Não Concordo”).

a) Os transportes colectivos, no nosso concelho, são suficientemente sustentáveis e eficientes.


b) Os horários dos transportes públicos favorecem a sua utilização.



c) “A rede viária do concelho de Seia está em bom estado.”



d) “As autoridades municipais têm dado atenção a este assunto.”


Assim sendo, após a observação dos dados obtidos, os dados não são nada animadores: é fácil concluir que a grande maioria das pessoas está algo insatisfeita com a rede de transportes colectivos do nosso concelho (três quartos dos inquiridos) e com a respectiva rede viária (70%). Importante é referir também que grande parte dos inquiridos está de igual forma descontente com o fraco empenhamento das autoridades na resposta aos mais diversos problemas no que diz respeito aos transportes colectivos.

Questão 37

A questão 37 estava relacionada com um tema bastante badalado nos meses anteriores, no nosso país, devido aos receios de uma crise energética e, sobre tudo, económica: a energia nuclear. «Sendo Portugal um país possuidor de grandes reservas de urânio, concorda com a construção de uma Central Nuclear no nosso país?» Os resultados foram os seguintes:

A grande maioria das pessoas inquiridas é contra a instalação de centrais nucleares no nosso país, destacando-se esta opção com larga margem perante a opção afirmativa. Destaque-se também o elevado número de indecisos sobre esta questão, surpreendentemente maior que o número de apoiantes do “sim”, que apenas recolhe um maior número de respostas nas camadas mais jovens. De qualquer das formas, é caso para dizer que a população do nosso concelho, à semelhança do que acontece com a generalidade da população portuguesa, parece ainda encarar a energia nuclear como uma “ameaça destruidora” ou um “bicho papão”…


Questão 38

Ainda no seguimento da pergunta anteriormente colocada, questionámos na questão 38 os inquiridos acerca dos riscos que uma central nuclear pode acarretar. Esta questão estava dividida em “Riscos ambientais” e em “Riscos para a saúde”. Como será de esperar, os resultados não foram muito diferentes...


Fazendo uma breve análise aos resultados, é notório que a grande maioria dos inquiridos responde negativamente tanto numa alínea como na outra, afirmando na generalidade que a possível construção de uma central nuclear acarreta riscos “Muito Elevados”, tanto para a saúde das pessoas como para o ambiente. As opiniões dos inquiridos são ainda mais negativas quando relativas à saúde do que em relação ao ambiente (81,6% respondem “Elevados” ou “Muito Elevados” relativamente à saúde, contra 78% relativamente ao ambiente), mas nos dois casos os resultados apresentam um “não” redondo a esta forma de energia.

(continua...)

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